terça-feira, 6 de abril de 2010

INSTITUTO VOX POPULI: pesquisas ou negócios?

Artigo publicado no Jornal O Tempo, de Minas Gerais, assinado por Vittorio Medioli:


Uma amostra do que poderá acontecer na corrida à Presidência vem no bojo da última pesquisa do Vox Populi. Instituto ou, mais precisamente, empresa de negócios, chacoalhado por recentes dificuldades financeiras e exposto ao que disso se extrai.

A necessidade de vender parte substantiva das cotas da empresa se aplacou ultimamente. Injeção de capital, empréstimo, engenharia financeira, desinteresse de terceiros? Não sei, nem investiguei, mas parece que pelo menos o Vox ganhou um raio de manobra para atuar.Os desacertos internos costumam se refletir em resultados incertos. Pior quando se registra uma disputa entre sócios que fizeram retiradas do caixa em excesso. Cada um para aplicar em projetos pessoais que vão da produção de vinhos finos em Diamantina à criação de gado e ao mercado de arte.

Para quem fatura R$ 20 milhões por ano, como declara o Vox Populi, e tem que honrar uma folha com mais de cem funcionários, subcontratações, custos administrativos e operacionais, imagina-se que, depois de recolher o Imposto de Renda, não tenha mais do que sobras "decorosas" para repartir entre seus cotistas. Mas, os excessos, reconhecidos pelo próprios sócios num exercício de "minha culpa", não fizeram retornar nada ao caixa da empresa.

As dificuldades financeiras não são indícios de erros técnicos, como poderia ser a perda dos mais prestigiosos clientes do Vox ocorrida nos últimos anos.

Um antigo brasão, em fase minguante, obriga a uma análise de seu desempenho, que veio a ser necessária junto com a veiculação da última pesquisa nacional, aquela que apresentou, em 3 de abril, uma semana depois da divulgação do Datafolha, Dilma Rousseff com apenas três pontos percentuais atrás de Serra (ou raquíticos 33% da diferença detectada pelo primeiro instituto). Ainda cinco pontos em outro questionário sem a presença de Ciro Gomes.

O critério usado pelo Vox insurge como altamente questionável, fora de parâmetros profissionais. Se macula seu conceito empresarial, reforça no atento observador o resultado do Datafolha que eles pretendem desmentir.

Veja-se o registro do questionário do Vox junto ao TSE, assim como mostraram ontem reportagens de O TEMPO e dos principais jornais do país. O entrevistador do Vox adota uma sequência imprópria de perguntas, contrária à boa técnica de sondagens: recolhe a declaração espontânea de apoio a um candidato, e depois passa a "forçar" por meio de questionamentos as ligações de Dilma com eventuais sucessos de sua gestão e amizades políticas. Só depois desse "preparo" o entrevistado é instado a escolher um dos candidatos no páreo.

Brincadeira.

A candidata de Lula poderá subir por meios tradicionais e "limpos", sem empurrões de institutos, talvez mais lentamente do que ela gostaria neste momento. Mas, manipulando infantilmente pesquisas se expor-se-á ao patético, a mais antipatias de quantas já tenha conseguido com seu "savoir faire" embromado.

Extraido do blog do Coronel

3 comentários:

  1. Essa história de "A Mentira tem pernas Curtas", quanto mede o lula? é isso?

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  2. É impressionante o receio de alguns com as pesquisas principalmente aqueles que tem interesses diversos. E se o Serra perder e no dia da eleição os resultados forem totalmente o oposto? O Datafolha aponta Serra favorito, mas os outros três institutos dizem o contrário. Além disso, está difícil alguém querer ser vice do Serra. Se fosse tão fácil, chovia gente na fila.

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  3. Institutos sérios, como sempre, são Ibope e Datafolha. O resto é igual aquela antiga campanha da Casas Bahia: "Quer pagar quanto?"

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