sábado, 30 de outubro de 2010

Votar ou não votar, eis a questão

Muita gente costuma acreditar que em uma eleição majoritária seu voto pessoal, dentro do universo de milhões que compõem a votação, não faz diferença alguma no resultado. Se fulano se elege com uma leva enorme, um a mais ou a menos não mudaria em nada. Na pura matemática isso até encontra respaldo, mas o ato de votar tem maiores significados e importância.

No mundo em que vivemos, muito das decisões pessoais que tomamos são, na verdade, decisões coletivas em que somos apenas um componente. Se em dado momento da economia um produto qualquer some das prateleiras por alta demanda de compradores, foi provavelmete por causa da decisão igual de milhares de pessoas na compra do tal produto. É uma decisão pessoal, por exemplo, comprar um carro novo. Mas essa mesma decisão está sendo tomada por centenas de famílias a cada dia, em vários lugares, cidades, bairros diferentes do país. Por isso se vende dez mil automóveis por dia. As vezes, e isso é facilmente pesquisado no Google, um certo modelo de veículo encontra-se em falta, tem fila de espera: Muito mais gente quis aquele produto do que o planejamento do produtor conseguiu antecipar - Um ato coletivo inesperado formado por decisões pessoais únicas que causou efeitos práticos. Resumindo: Na sociedade moderna de massas, nunca estamos sozinhos em nossos atos, sempre formamos grupos, as vezes maiores, as vezes menores, mas grupos que agem muito parecido.

Se há nas pessoas uma vontade maior de não participar do processo eleitoral, escolhendo por exemplo viajar ou ficar em casa lendo um livro ao invés de ir votar, pode ter certeza que essa atitude é compartilhada por um montão de pessoas. Há historicamente um percentual de abstenção médio que repete ano após ano em números bem parecidos a primeira vista. É uma variação entre 16 a 18% do eleitorado. Significa de 19 a 23 milhões de votos! Numa eleição como a atual, onde se projeta empate técnico, 1 milhão de votos pode ser a diferença entre ganhar ou perder a eleição, ou seja: Se há no eleitor que não pretende votar uma coceira interna, mesmo que pequena, de mudança, essa mesma coceira está atacando outros tantos. Se estamos diante de uma eleição apertada, a decisão pessoal de sair do marasmo e ir até a sessão eleitoral e depositar o voto também será seguida por outros eleitores, talvez milhares, e o resultado final poderá ser diferente daquele esperado por candidato A ou B.

Se isso vai ocorrer ninguém sabe, não há como prever nunca. Mas existe o chamado consciente coletivo, algo muito estudado pela psicanálise e usado pelo meios publicitários a exaustão. Se você está sentindo essa coceira de mudança, não perca se tempo: Mude seus planos no domingo cedo e compareça, participe. Se você pessoalmente tomar essa decisão, ela estará sendo seguida por outros tantos. Não que a sua atitude influenciará as dos demais, mas sua atitude é espelho do que muitos estarão fazendo. Você não será, lógico, a causa do efeito, mas sua atitude sinalizará o efeito de uma massa, que poderá mudar o resultado final

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