sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A cortina de fumaça petista

Dilma e Erenice Guerra - isso não é força de expressão ou malandragem eleitoral - sempre foram "unha e carne". Chegaram juntas ao Ministério das Minas e Energia e, depois, Erenice foi levada por Dilma à Casa-Civil, quando esta última precisou ocupar a vaga de Dirceu, demitido por causa do Mensalão.

Vamos a um breve histórico, portanto (seguramente, esqueci algo):

- Um dossiê contra Ruth Cardoso e FHC é fabricado dentro da Casa Civil, justamente quando levantavam gastos de cartões corporativos por Lula (alguns pessoais) e seus familiares. Erenice foi considerada a coordenadora desse dossiê, na época denominado "banco de dados";

- Lina Vieira, então Secretária da Receita Federal é DEMITIDA, segundo ela, por não aceitar pressão de Dilma Rousseff em processo contra o filho de Sarney. Dilma negou o encontro. As fitas que comprovariam a reunião SUMIRAM do sistema de segurança da Presidência da República. A petista, logo depois, apoiava Sarney nos escândalos do senado e, hoje, o cacique apóia a candidatura petista;

- Na gestão de Dilma na Casa-Civil instaurou-se uma rede de lobby, segundo descrevem várias reportagens. O filho de Erenice, Israel Guerra, era um dos que operavam o esquema. Mesmo depois disso, ela se tornou Ministra Chefe com a oficialização da candidatura do PT à Presidência da República (por indicação de Dilma);

- As acusações envolvendo Dilma - já na Casa Civil - também envolveram a ANAC, valando lembrar as denúncias de Denise Abreu, então diretora da Agência, nos casos "venda da Varig" e "caos aéreo".

- Sigilos fiscais de adversários do PT são quebrados e uma das declarações, segundo a Folha de São Paulo, encontrava-se em posse da pré-campanha petista. Um jornalista, também contratado pela campanha do PT, estaria escrevendo um "livro-bomba" (uizi!) contra o tucano e blogs patrocinados por estatais federais vazaram um "prólogo" no qual CURIOSAMENTE TODOS os tucanos mencionados tiveram seus sigilos quebrados ilegalmente. O jornalista sumiu da pré-campanha depois de confessar ter participado de uma reunião com delegado aposentado da PF, que informou à imprensa tratar-se contratação de serviço de arapongagem. Outro que sumiu, pelo mesmo motivo, foi Luiz Lanzetta, também contratado pela pré-campanha de Dilma, embora sua empresa, a Lanza, tivesse continuado como contratada;

- Lembram da Lina Vieira (tópico 2)? Em seu lugar entrou Otacílio Cartaxo que, mesmo tendo ciência de documentos da Corregedoria de SEU PRÓPRIO ÓRGÃO, tentou sustentar a validade da procuração fajuta. Ele não foi exonerado;

Tudo isso, cumpre dizer, envolve DIRETAMENTE Dilma Rousseff APENAS em sua passagem pela Casa Civil e sua pré-campanha. Não falo aqui de Mensalão, Aloprados e outros malfeitos do PT. Enquanto tudo isso vinha à tona, petistas NÃO ACEITAVAM DISCUTIR ESCÂNDALOS E DENÚNCIAS, alegando que a população precisava saber dos novos rumos do país.

Pois bem.

Agora, surge "Paulo Preto". Qual a acusação: teria desviado dinheiro da campanha tucana. Que dinheiro? Dinheiro do PSDB. A vítima? Os próprios tucanos. Não é dinheiro público, mas do partido. A acusação tem provas? Não. Mas é o bastante para que toda a blogosfera militante do PT resolva mostrar uma indignação até então inédita (ao menos não vista nos casos mencionados acima).

Quando se trata de dinheiro público ou de Instituições de Estado servindo para finalidades partidárias, vejam só, eles não se importam. Quando é o dinheiro de um partido que supostamente teria sumido (não sumiu, não há provas, não há nada!), aí é gravíssimo e inaceitável (para eles).

É a "ética seletiva". Claro que uma bobagem dessas não prospera. Como diria o outro, é a não-notícia, a escandalização do nada, o assassinato de reputação. É provável que isso tenha mais a ver com pesquisas e trackings que com recente preocupação com ética na administração pública. Nunca ligaram tanto assim para isso. "Trivial", portanto.

Mas é saudável que tenham deixado o tema "aborto" um pouco de lado (e quem o suscitou nos últimos dias foi a própria Dilma, então defensora da descriminação e agora praticamente uma beata). Se é para falar de ética na gestão pública, sua única e rápida passagem por um órgão relativamente complexo (Casa Civil) mostra todo seu comprometimento e/ou capacidade de gerenciar o pessoal à sua volta.

Do blog do Gravataí

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