sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Dilma Rousseff: Amigo envolvido em escândalo na Petrobras, mais um...
Por Bruno Villas Bôas e João Guedes, no Globo:
Diretor de Gestão Corporativa da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), Ibanês César Cássel tem a Petrobras como cliente de sua empresa de eventos. Ligado à candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, desde que ela foi secretária de Energia, Minas e Comunicações no Rio Grande do Sul nos anos 90, Cássel assinou dois contratos com a estatal do petróleo no total de R$ 538.755,65 em 2008, por meio da Capacità Eventos Ltda, sediada em Porto Alegre. A Capacità tem Cássel como sócio e a mulher dele, Eliana Azeredo, como diretora-geral. Um dos contratos foi assinado sem licitação. Informações sobre Ibanês Cássel, entre outros rumores de denúncias que afetariam a Petrobras, circularam no mercado nesta quinta-feira [ontem] e derrubaram as ações da empresa .
Cássel assumiu o cargo estratégico na EPE em 2005, convidado pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Ele foi diretor administrativo da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) do Rio Grande do Sul, estatal ligada à Secretaria de Energia, Minas e Comunicações do estado, quando a pasta era comandada pela atual candidata.
Um dos contratos com a Petrobras (número 4600285827), de R$ 438.755,65, refere-se à inauguração da plataforma P-53, em 18 de setembro de 2008 em Rio Grande (RS), com a presença do presidente Lula. Houve licitação pelo modelo de carta-convite, no qual pelo menos três empresas precisam ser convidadas para a disputa.
A Petrobras também foi cliente da Capacità no contrato de patrocínio do evento “Porto Alegre - Uma visão de futuro”, realizado pela Câmara Municipal de Porto Alegre em 2008 e que tratou de “diversos temas relacionados à vida urbana das cidades”. Este contrato (número 4600283697) foi assinado sem licitação e somou R$ 100 mil. A Petrobras se valeu do decreto 2745 de 1998 - que flexibilizou as regras para licitação - para não abrir uma concorrência.
Cássel: “Não tenho ingerência na Capacità”
No Portal da Transparência do governo federal, consta o primeiro contrato entre a Capacità e a União em 2005, com a Casa da Moeda. No ano seguinte, a empresa assinou contratos de R$ 753 mil com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os contratos visavam à “administração da unidade” e à “formulação e avaliação da política de desenvolvimento agrário”.
Este último contrato foi assinado no mesmo ano em que Guilherme Cassel assumiu o MDA. O ministério disse que, apesar do sobrenome, ele não tem parentesco com Ibanês Cássel, e que os contratos foram assinados por pregão eletrônico para “organizar, produzir e pagar cachês de artistas que atuaram na 2ª Conferência Internacional de Reforma Agrária”.
O GLOBO enviou por e-mail uma lista de perguntas para Ibanês Cássel, que respondeu a apenas parte delas, de forma genérica. Ele diz que tem 1% de participação na Capacità Eventos, adquirida antes de sua posse na EPE.
- Tal participação foi analisada, antes da minha nomeação, pelos órgãos competentes e não constitui impedimento de ordem legal ou de qualquer natureza para o exercício do cargo - disse, por e-mail.
Cássel confirmou ter sido convidado pela então ministra para o cargo na EPE e afirmou que “minhas relações com Dilma Rousseff decorrem dessas experiências profissionais”. Disse ainda que “não participou da administração da Capacità” nem tem “ingerência sobre os contratos por ela celebrados.”
A assessoria de Dilma informou que a Capacità não presta serviços para sua campanha.
A diretora-geral da Capacità Eventos, Eliana Azeredo, mulher de Cássel, negou interferência do marido ou qualquer favorecimento:
- O Ibanês tem um 1%. Não atua na gestão. A Petrobras fez uma licitação em São Paulo com várias empresas e eu ganhei com o menor preço. Não vejo nada errado. É licitação.
Sobre o contrato de organização do seminário em Porto Alegre, ela disse que a Capacità foi “recebedora de patrocínio de um contrato para pagar fornecedores”.
Não é a primeira vez que o nome da EPE aparece ligado a denúncias. No mês passado, no rastro do escândalo de tráfico de influência que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil, foi descoberto que a estatal tinha contrato com o escritório Trajano & Silva, onde Israel Guerra, filho da ex-ministra Erenice, costumava despachar. Uma irmã de Erenice trabalhou na EPE.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Petrobras tá um inferno com essa petezada. Tão contratando terceirizados pra fazer campanha, não pra trabalhar. É só olhar na pg da empresa na net e ver os demonstrativos de despesas. Quem controla aquilo lá? Tem convenios e contratações sem licitação aos montes pra entidades e empresas que ninguém sabe se faz o que deveria fazer. Patrocínio ali virou mamata das boas.
ResponderExcluirO problema dos ditadores é achar que são onipotentes. Estão além do bem e do mal. Matam, enriquecem, fazem trapaças, mentem, tudo em nome de um Estado ideal ( na cabeça doentia deles, é claro! )Adoram assumir o papel de pai, de mãe, infantilizando o povo.
ResponderExcluirMinha preocupação e que grande parte da massa brasileira, se sente incapaz de caminhar com as próprias pernas, de refletir sobre a bandalheira que virou a política brasileira, e o voto é conquistado pelo estômago, afinal é muito mais fácil estender a mão e receber esmolas.
Como lhe falei, há mentiras aos montes e/ou meias-verdades da campanha da Dilma sobre a Petrobras, que são fundamentais serem atacadas pela campanha do Serra.
ResponderExcluirNo debate da Record e da Globo e também no horário eleitoral, eles estão enfatizando o crescimento da Petrobras, a descoberta do pré-sal e a capitalização, como fruto unicamente do governo Lula, afirmando, com todas as letras, que a Petrobras havia perdido força no Governo FHC.
Ao contrário do que afirmam, de forma oportunista, a Petrobras passou a realmente a crescer, e de forma sustentável, a partir do fim do monopólio do petróleo que a empresa detinha e que passou para a União, quando foi obrigada a competir e conseguir enormes avanços na gestão. Com a abertura do capital para a iniciativa privada, permanecendo a empresa com maioria de capital da União, teve que acelerar os avanços na gestão, para poder colocar suas ações na bolsa de Nova Iorque. Com a entrada de novos investimentos, pode continuar avançando tecnologicamente, o que permitiu a descoberta do pré-sal.
O governo Lula, como na questão da inflação, lei de responsabilidade fiscal e outros aspectos da política econômica, que foi mantida, só está colhendo os frutos das profundas mudanças ocorridas no governo FHC. As mudanças realizadas na Petrobras pelo governo Lula, aparelhando e loteando a empresa entre os partidos aliados, estas sim, é que ameaçam o futuro da empresa.
O PSDB está cansado de saber disto tudo, pois foi na gestão de Henry Reichtul, nomeado por FHC, que a empresa começou este ciclo virtuoso de mudanças, mas não tem coragem de enfrentar este debate, acuado pela pecha de privatistas e entreguistas.
Mas agora não dá para fugir desta discussão, pois ficou claro que a Petrobras virou uma grande arma na propaganda da campanha Dilma.
É fundamental que a assessoria da campanha do Serra recolha todos os dados objetivos das mudanças na Petrobras decorrentes da necessidade de passar a competir, de modo que o Serra esteja preparado para enfrentar esta questão neste segundo turno.
Seria ótimo, inclusive, que o Serra se antecipe e coloque esta questão para a Dilma, de modo a deixar claro, mais uma vez, o oportunismo do PT.
Abaixo, avaliação sobre as mudanças na Petrobras, no Governo FHC, realizada em outubro de 2003, feita na revista eletrônica UniversiaKnowledge@Wharton, que consultou especialistas em administração e petróleo para avaliar a gestão da empresa.