Em entrevista aos jornalistas Willian Bonner e Fátima Bernardes no Jornal Nacional de hoje, Dilma Rousseff voltou a atacar José Serra lembrando o suposto caso de desvio de dinheiro da campanha do PSDB por um ex-diretor da DERSA - empresa estatal paulista de controle e manutenção de estradas e rodovias.
A entrada desse assunto foi usado por Dilma para fazer um estranho contraponto com o escândalo Erenice Guerra, sua ex-braço direito nos ministérios das Minas e Energia e da Casa Civil, substituta indicada por Dilma para ocupar sua cadeira durante a campanha. Perguntada por Bonner sobre o caso, Dilma quis passar a impressão de que no governo Lula tudo se investiga, e que no do adversário não ocorre o mesmo.
O fato porém, é que o caso Erenice só andou depois que a imprensa pressionou fortemente. Tivesse ficado o assunto restrito a apenas uma revista e um jornal, Erenice estaria até hoje despachando na sala ao lado da do presidente da república.
Ainda sobre a investigação, a Polícia Federal até hoje não conseguiu arrancar uma só palavra de qualquer um dos filhos da ex-assessora, e nem mesmo ouviu a principal acusada. Tudo está sendo jogado para depois da eleição de 31 de outubro.
Tentando misturar alhos com bugalhos, já que o caso de Serra é uma suposição baseada apenas em fofocas sem fontes e, se verdadeira, envolveria apenas fundos do partido e não dinheiro público, Dilma alegou que o ex-diretor paulista está sob investigação na operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. O problema, entretanto, é bem pior para a candidata petista, pois a mesma operação cita 21 vezes em seu relatório de investigação sobre supostos desvios de verbas públicas o nome do seu vice Michel Temer. São 21 indícios que apareceram em escutas e papéis apreendidos. O ex-diretor da Dersa, na mesma investigação é citado apenas uma vez, em um caso paralelo. Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro Antonio Palocci e diretor da Eletronorte, é outro citado no mesmo relatório da PF. Palocci é coodenador da campanha de Dilma e provável ministro em caso de vitória da petista.
Willian Bonner pareceu até que tentaria lembrar essa incoerência, mas não conseguiu entrar no meio do discurso da candidata.
Talvez seja o caso do tucano José Serra lembrar, no próximo debate, essa enorme contradição de Dilma Rousseff. Isso se houver o debate prometido para a TV Record, já que representantes da candidata governista já desistiram de comparecer às reuniões que culminariam no próximo debate - esse do SBT - inviabilizando-o. O que transparece entre os comandantes petistas é que Dilma fugirá de debates que não sejam o da Rede Globo, marcado para o dia 29 de outubro, a dois dias da eleição. Cabe aos eleitores perguntar-se porque uma candidata foge de debates em um segundo turno, quando as possibilidades de explanar idéias e propostas são consideravelmente favoráveis. Deve ser o medo de novamente cair em contradição.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário